SPLIT PAYMENT: A NOVA REALIDADE TRIBUTÁRIA QUE VOCÊ PRECISA ENTENDER

A maior mudança fiscal dos últimos 50 anos está chegando: prepare processos, sistemas e pessoas para sobreviver ao Split Payment.

O cenário tributário brasileiro passará por transformações profundas nos próximos anos. Entre as principais novidades trazidas pela Reforma Tributária (Emenda Constitucional nº 132/2023), destaca-se a implantação do Split Payment, que foi regulamentado pela Lei Complementar nº 214/2025, com previsão de entrada em vigor até 2027.

O modelo, já adotado em diversos países, promete mudar a dinâmica de pagamento de impostos no Brasil, principalmente no que se refere ao recolhimento automático de tributos no momento da operação comercial.

Para as empresas, a adaptação a esse novo sistema será fundamental para garantir a regularidade fiscal, a saúde financeira e a competitividade no mercado. Neste artigo, vamos detalhar o que é o Split Payment, como ele funcionará no Brasil segundo a LC 214/2025 e o que as empresas precisam fazer desde já para se preparar.

O que é o Split Payment?

O termo Split Payment significa, literalmente, “pagamento dividido“.

No sistema tradicional, o comprador paga o valor integral da compra ao fornecedor, que, posteriormente, recolhe os tributos devidos ao governo.


Com o Split Payment, essa lógica vai mudar: parte do valor pago pela venda é automaticamente destinada diretamente ao governo, no momento da transação. Ou seja:

  • O fornecedor recebe apenas o valor líquido (sem o imposto).
  • O valor correspondente ao imposto (IBS e CBS) será diretamente recolhido aos cofres públicos.

Resumo visual

Como é atualmenteComo será com o Split Payment
Cliente paga 100% ao fornecedor, que depois paga o imposto.Cliente paga o fornecedor e o fisco simultaneamente

Como o Split Payment Funcionará no Brasil?

A implantação do Split Payment foi disciplinada principalmente pela Lei Complementar nº 214/2025, em seus artigos 32 e 33.

Segundo a LC nº 214/2025:

  • As plataformas de pagamento (bancos, adquirentes, fintechs) serão responsáveis por fazer a separação automática dos valores.
  • No ato da venda (seja eletrônica ou física), o sistema calculará o valor do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços).
  • O valor dos tributos será retido e pago diretamente ao ente federativo (União, Estados ou Municípios), antes do repasse do valor líquido ao fornecedor.

Além disso:

Artigo 32 da LC 214/2025: Procedimento Padrão

  • A nota fiscal eletrônica deverá conter informações que permitam a vinculação da venda com a transação financeira.
  • O prestador de serviços de pagamento (banco, operadora de cartão, etc.), consultará o sistema do Comitê Gestor do IBS e da Receita Federal para saber o valor dos tributos a reter.
  • Após essa verificação, a instituição financeira fará o recolhimento automático dos impostos antes de repassar os recursos ao fornecedor.

Artigo 33 da LC 214/2025: Split Payment Simplificado

  • Prevê um modelo de recolhimento simplificado para contribuintes de pequeno porte ou operações específicas.
  • Nesse caso, o imposto poderá ser retido e recolhido com base em percentuais fixos sobre o valor da operação.

Por que o Brasil vai adotar o Split Payment?

A adoção do Split Payment tem objetivos claros:

  • Reduzir a inadimplência tributária


Impede que empresas recebam o valor total e deixem de recolher os tributos posteriormente.

  • Diminuir sonegação


A separação automática reduz fraudes, como a omissão de receitas.

  • Aumentar a arrecadação:


Garante que o tributo seja pago imediatamente, sem depender do cumprimento voluntário.

  • Simplificar a fiscalização


Facilita o controle fiscal, diminuindo o custo de fiscalização e auditoria do fisco.

Quais Empresas Serão Impactadas?

De maneira geral, todas as empresas que realizarem vendas de bens e serviços estarão sujeitas ao Split Payment, entretanto, o impacto será mais forte em:

  • Empresas do varejo, atacado e indústria;
  • Prestadoras de serviços sujeitos à CBS (como consultorias, agências de marketing, TI, saúde, etc.);
  • Empresas que operam e-commerce ou marketplaces;
  • Empresas que utilizam meios eletrônicos de pagamento.

Impacto para empresas menores

Mesmo empresas de menor porte (Lucro Presumido e Simples Nacional) poderão ser afetadas em operações específicas, especialmente se venderem para clientes que exigem retenção tributária.

Principais Mudanças para as Empresas

AspectoMudança
Fluxo de CaixaO valor recebido será menor, pois o imposto não transitará mais pelo caixa da empresa.
Gestão de RecebíveisEmpresas precisarão ajustar suas projeções financeiras considerando o valor líquido recebido.
Emissão de Notas FiscaisSerá fundamental discriminar corretamente os tributos na NF-e para que o Split Payment seja calculado corretamente.
Sistemas Contábeis e FiscaisSoftwares de ERP, contabilidade e controle financeiro precisarão ser adaptados para o novo modelo.
Conciliação BancáriaHaverá necessidade de conciliar valores líquidos e impostos recolhidos diretamente.
Compliance TributárioEmpresas terão menos espaço para erro, exigindo rigor maior na gestão fiscal.

Uma Visão Crítica: O Split Payment pode quebrar pequenas empresas?

Embora o Split Payment tenha como objetivo principal aumentar a arrecadação e reduzir a sonegação fiscal, existem preocupações legítimas quanto aos seus efeitos colaterais – especialmente para as pequenas e médias empresas.

A alta carga tributária brasileira já é, historicamente, um dos maiores desafios enfrentados pelas empresas de menor porte. Atualmente, essas empresas conseguem, de certa forma, gerenciar seu fluxo de caixa considerando o prazo entre o recebimento das vendas e o pagamento dos tributos.

Com a implementação do Split Payment:

  • Esse fôlego financeiro não existirá, já que o imposto será retido imediatamente no ato da transação;
  • A receita líquida será drasticamente reduzida, impactando diretamente a capacidade de pagamento de despesas fixas como folha de pagamento, aluguel, fornecedores e financiamentos.

Além disso:

  • Muitas pequenas empresas não têm estrutura de capital para suportar essa redução imediata no caixa.
  • Em setores com margens de lucro muito baixas, a diferença entre operar e quebrar pode estar justamente nessa gestão de prazos de pagamento.
  • A perda de flexibilidade financeira pode levar a um efeito cascata de insolvência de milhares de empresas, principalmente em momentos de retração econômica.

Em resumo:

O Split Payment poderá favorecer a arrecadação governamental no curto prazo, contudo, existe um risco real e iminente de inviabilizar financeiramente milhares de pequenos negócios, que não conseguirão se sustentar sem o controle sobre seu próprio fluxo de caixa.

Isso certamente vais gerar desemprego, redução de consumo e contração da atividade econômica em diversos setores.

Por isso, é fundamental que a regulamentação final do Split Payment preveja modelos diferenciados ou regimes simplificados para pequenas empresas, sob pena de agravar ainda mais as dificuldades já enfrentadas pelos empreendedores brasileiros.

E o Brasil está para o Split Payment?

A implantação do Split Payment no Brasil vai muito além de uma simples mudança de regras tributárias. Trata-se de uma alteração estrutural que exigirá maturidade social, adaptação cultural e evolução tecnológica em todos os níveis da sociedade econômica.

Mas será que o Brasil está realmente preparado para isso?

Aspecto Social e Cultural

  • O ambiente de negócios brasileiro historicamente é marcado por burocracia, complexidade tributária e grande informalidade.
  • Muitos empresários, especialmente os de pequeno e médio porte, ainda têm dificuldades em compreender completamente suas obrigações fiscais atuais – e o Split Payment elevará ainda mais o nível de exigência e rigor.
  • A cultura de planejamento financeiro do brasileiro ainda é limitada, o que agrava os riscos de insolvência em um modelo de tributação automática e instantânea.

Conclusão social e cultural


Sem programas sólidos de educação fiscal, capacitação empresarial e políticas de transição gradual, o Split Payment poderá aprofundar ainda mais as desigualdades entre grandes e pequenas empresas.

Aspecto Tecnológico

  • O Split Payment depende de altíssimo nível de integração tecnológica entre:
  • Sistemas de emissão de nota fiscal (NF-e);
  • Plataformas de pagamento (bancos, adquirentes, fintechs);
  • Sistemas da Receita Federal e Comitê Gestor do IBS.
  • Enquanto grandes empresas possuem infraestrutura de ERP robusta, milhares de pequenos negócios ainda operam com sistemas defasados ou até mesmo sem automação fiscal adequada.
  • Falhas na tecnologia de pagamento ou inconsistências nos dados fiscais podem gerar retenções erradas, afetando diretamente o caixa das empresas e provocando litígios tributários.

Conclusão tecnológica


A disparidade tecnológica entre grandes e pequenas empresas é um fator crítico que pode transformar o Split Payment de solução em fonte de novos conflitos, se não houver preparação ampla e suporte tecnológico adequado.

A introdução do Split Payment, da forma como está prevista, exige não apenas regulamentação clara, mas também um esforço coordenado de governo, sociedade civil e setor privado para preparar o país cultural e tecnologicamente.


Sem isso, a mudança corre o risco de ser abrupta e prejudicial justamente para o segmento mais frágil da economia: os pequenos e médios negócios.

Conclusão

O Split Payment representa uma mudança estrutural na forma como as empresas brasileiras lidarão com suas receitas e suas obrigações tributárias. Agora, com a regulamentação pela Lei Complementar nº 214/2025, as regras estão mais claras e exigirão atenção redobrada por parte de empresários, gestores e, principalmente, contadores, essa categoria tão essencial para a sustentabilidade de negócios, mas que, no dia a dia, enfrenta uma realidade de sobrecarga, pressão constante e inúmeras responsabilidades.

Apesar dos objetivos legítimos de aumentar a arrecadação e combater a inadimplência fiscal, é imprescindível reconhecer os riscos que esse modelo traz, especialmente para as pequenas e médias empresas que já operam sob intensa pressão tributária.

Adaptar-se rapidamente ao novo modelo será essencial para garantir a continuidade dos negócios, evitar riscos fiscais e manter a competitividade em um mercado cada vez mais regulado e incerto.

Esperamos que este artigo possa lhe trazer insights valiosos sobre o Split Payment no seu dia a dia como empresário. Compartilhe suas experiências e opiniões nos comentários e fique atento às nossas postagens!

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