GASTOS PESSOAIS NO CARTÃO DA EMPRESA: ENTENDA POR QUE ISSO PODE SER UM GRANDE PROBLEMA!

A prática comum que pode comprometer a contabilidade, gerar autuações fiscais e colocar seu patrimônio pessoal em risco.

Em muitas empresas, especialmente nas de pequeno e médio porte, é comum o sócio ou proprietário utilizar o cartão de crédito empresarial – mais conhecido como cartão corporativo -, para cobrir despesas pessoais. Essa impropriedade, que por sinal infelizmente é recorrente, representa uma das principais distorções de gestão financeira e contábil nas empresas brasileiras.

Neste artigo, você vai entender por que misturar gastos pessoais com contas da empresa pode trazer problemas graves, desde inconsistências contábeis até penalidades fiscais, complicações trabalhistas e, em situações mais graves, a desconsideração da personalidade jurídica.

1. O que são gastos pessoais no contexto empresarial

Gastos pessoais são todas as despesas que não possuem relação com as atividades da empresa nem estão vinculadas diretamente ao seu objeto social. Mesmo que o pagamento tenha sido feito com o cartão da empresa, a natureza da despesa define se ela é pessoal ou empresarial.

Exemplos típicos de gastos pessoais no cartão da empresa:
  • Mercado, supermercados, farmácias;
  • Combustível para veículo de uso pessoal;
  • Mensalidades escolares dos filhos;
  • Assinaturas de plataformas de streaming;
  • Viagens de lazer;
  • Bares e restaurantes;
  • Parcelamentos de itens para a casa;
  • Pagamento de contas de consumo doméstico (água, luz, telefone, internet).

Essas despesas, embora pareçam que não farão diferença no caixa da organização, geram distorções graves quando lançadas na contabilidade como se fossem custos operacionais ou despesas dedutíveis da atividade empresarial.

2. Por que essa prática é tão perigosa?

Misturar contas pessoais com as da empresa pode até parecer inofensivo, mas abre brechas para fraudes contábeis involuntárias, sonegação fiscal não intencional e problemas legais de alto risco. A seguir, explicamos cada impacto com profundidade.

3. Impactos contábeis: fragilidade na escrituração e perda de confiabilidade

a) Contabilidade contaminada

A escrituração contábil deve refletir a realidade econômica e financeira da empresa. Quando despesas pessoais são lançadas como empresariais, o balanço patrimonial perde sua fidelidade. Isso compromete indicadores, relatórios gerenciais e até auditorias ou fiscalizações futuras.

b) Classificações incorretas

Gastos pessoais, se lançados como despesas operacionais, reduzem artificialmente o lucro contábil, prejudicando análises de rentabilidade e potencializando erros na apuração tributária.

c) Dificulta auditorias e perícias

Se a empresa precisar passar por uma auditoria, due diligence ou perícia contábil, os lançamentos indevidos poderão ser interpretados como má-fé ou ocultação de lucros.

4. Impactos fiscais: autuações, glosas e tributação indevida

a) Glosa de despesas dedutíveis

A Receita Federal pode glosar (desconsiderar) as despesas pessoais indevidamente lançadas como dedutíveis. Isso aumenta o lucro tributável e pode gerar recolhimento retroativo de IRPJ e CSLL com multa e juros.

b) Multas e penalidades

A depender do volume e frequência, a prática pode ser interpretada como sonegação fiscal (art. 1º da Lei 8.137/90), sujeitando o contribuinte a multas de até 150%, além de sanções penais.

c) Perda do direito à distribuição de lucros isentos

Para que os lucros sejam isentos de Imposto de Renda na fonte e na pessoa física, a empresa precisa manter contabilidade regular e atualizada (art. 32 da Lei 4.357/64 e art. 238 da IN RFB 1.700/2017). Caso contrário, os lucros pagos ao sócio passam a ser tributáveis.

5. Risco societário: desconsideração da personalidade jurídica

a) Quando o sócio “é” a empresa

O uso do cartão da empresa para fins pessoais reforça a confusão patrimonial, ou seja, a ausência de separação entre o patrimônio da pessoa física e jurídica.

b) Base legal

O artigo 50 do Código Civil prevê a desconsideração da personalidade jurídica sempre que houver desvio de finalidade ou confusão patrimonial. Isso permite que credores ou a Justiça executem diretamente os bens pessoais dos sócios.

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6. Repercussões trabalhistas e previdenciárias

Empresas que misturam despesas podem cair em fiscalizações da Receita Federal, do Ministério do Trabalho e/ou da Previdência Social por suspeita de:

  • Distribuição disfarçada de lucros (sem pró-labore);
  • Pagamento de despesas pessoais como “remuneração indireta”;
  • Omissão de contribuição previdenciária devida ao INSS.

7. Complicações bancárias e de crédito

Misturar contas pode dificultar a obtenção de crédito empresarial. Bancos e instituições financeiras analisam demonstrativos contábeis e extratos bancários para aprovar financiamentos e linhas de crédito. Um fluxo de caixa contaminado por gastos pessoais compromete a credibilidade da empresa.

8. O que a empresa deve fazer para corrigir ou evitar esse problema?

a) Separar contas bancárias

A empresa deve ter contas bancárias e cartões exclusivos, com acesso restrito e política de uso.

b) Definir uma política de retiradas

O ideal é que os sócios façam retiradas mensais formais via pró-labore ou distribuição de lucros, com base nos resultados apurados.

c) Fazer reembolsos imediatos

Se um gasto pessoal for realizado no cartão da empresa, o sócio deve reembolsar a empresa imediatamente com registro contábil correto, evitando impacto nos resultados.

d) Treinar o setor financeiro

O time financeiro precisa saber como classificar corretamente as despesas e quando alertar sobre usos indevidos.

9. Ações corretivas: como regularizar o passado

Se sua empresa já cometeu esse erro, é possível fazer:

  • Reclassificações contábeis retroativas;
  • Ajustes no Livro Razão e na DRE;
  • Registro de adiantamentos ou empréstimos a sócios com previsão contratual;
  • Em alguns casos, retificação de declarações acessórias (ECD, ECF, DIRF, DEFIS).

Nesses casos, contar com a consultoria de uma contabilidade especializada é essencial para regularizar com segurança.

10. Considerações finais: profissionalize sua gestão financeira

Misturar finanças pessoais com as da empresa não é apenas uma má prática, é um grave erro de gestão que pode trazer consequências severas. Profissionalizar a administração financeira é um passo fundamental para garantir segurança jurídica, eficiência tributária e credibilidade no mercado.

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